Sob o Sol, Amor-Grão saúda a Claridade

May 5, 2009

A agenda tá apertada, muitos projetos ao mesmo tempo, sempre olhando para o blog aqui e me perguntando quando seria a próxima vez que iria atualizá-lo. Ao contrário do que pode parecer, não foi por falta de novas obras ou muito menos falta de inspiração, foi a quantidade de revira-voltas que tem acontecido desde novembro último comigo. Mas o que importa que voltei a postar sobre minha arte e seus processos de criação novamente. Na fila tem um monte deles pra colocar aqui, mas vamos com calma.

Abaixo, separei um especial que estava prometido a ser postado por aqui há tempo. Fui encomendado a criar uma obra para celebrar a comemoração de um ano de casamento de um lindo e querido casal que hoje mora em Londres. Ao mesmo tempo que era simples o pedido, o tema, ao contrário, me fez aquecer a mente e o coração por alguns dias. Foi um grande desafio tratar de um tema tão recorrente na arte, e ainda mais por eu querer buscar o exato caminho do meio, entre a conexão direta da energia do casal e manutenção da sublime e ascendente energia do tema Amor. Minha busca era em tentar retratar o sentimento do Amor do casal, em seus estado divino, unitário, sem arestas, ascendente, complementar e não o amor fácil, o amor Eros, não era hora nem a obra.

Pesquisei tudo que conhecia sobre este casal e mais um pouco, até começar a dar os primeiros passos entre linhas e cores. Quis colocar a união e o cuidar em perspectiva e desenvolver toda expressão da forma baseado no tríplice eterno: Semear – Colher – Cuidar.

"Sob o sol, Amor-Grão saúda a Claridade" - Estudos prepartórios 01

Passei semanas digerindo o tema a procura do traço de entrada, aquele que iria me levar a expressão do 1 ano de união do casal ao sentido da Amor – União. Não cansava de anotar coisas, em sua maioria observações do dia-dia – Eu recebo vários tapas diários por estar com a consciência no aqui e agora o tempo todo. Tenho pra mim  que quanto melhor e importante é a inspiração, menor é o pedaço de papel que me cai nas mãos pra desenhar ou anotar no meio do caos diário. Já fiz vários testes para confirmar a teoria, até agora o padrão tem se repetindo e se confirmado.

Pequenos pedaços, médios pedaços, os papéis estão sempre pelos meus bolsos recheados de idéias, pensamentos e observações, muitas vezes até melados de chocolate. Aprendi que faz parte do meu processo. Certa vez, umas manchas de chocolate até resolveram uns problemas de composição de uma obra. Então só tenho que agradecer ao pequeno vício.

"Sob o sol, Amor-Grão saúda a Claridade" - Estudos prepartórios 03

"Sob o sol, Amor-Grão saúda a Claridade" - Estudos prepartórios 04

"Sob o sol, Amor-Grão saúda a Claridade" - Estudos prepartórios 05

Nas primeiras imagens estão o processo de criação para esta obra. Fiz umas anotações em algumas delas são sempre verbalizações escritas das inspirações que me surgem a mente. Uma em particular me ocorria constantemente, em todo processo de criação da obra. Era a imagem de soprar uma flor. O que isso simbolicamente queria me dizer? Se prestar atenção na obra final, troquei por ramos de trigo que a figura masculina ainda os segura. Simbolicamente achei algo mais representativo. Quis trabalhar com o sentimento de que o Homem que cultiva, aquele que age de acordo com sua natureza, mais realcionada ao realizar, ao prover para a família e como um cavalheiro, para sua mulher. Por outro lado, a mulher com toda sua fluidez e poder jupteriano, acolhedora e inspiradora. A colher tudo o que foi plantado. Começa assim a dança do Amor-União.

"Sob o sol, Amor-Grão saúda a Claridade" - detalhes de desenho

"Sob o sol, Amor-Grão saúda a Claridade" - composição no papel

"Sob o sol, Amor-Grão saúda a Claridade" - Composição de fundo

Me inspirou muito a lembrança de que o Homem recorda a mulher, a todo momento, a direção e o caminho para onde ela deve seguir. Procurei fazer com que o sopro da figura masculina nesta obra, trouxesse uma pouco dessa sensação de impulsioná-la para mares ainda mais longe, para mais distantes e novas descobertas.

Por outro lado, a figura femina lembra ao homem, a todo momento, de onde ele veio, de suas origens. Sua delicada mão em forma de pira – receptáculo – nos fala da propriedade feminina do receber, aponta o lugar onde o Amor é aquecido, criado, cuidado e for fim expressado. É a história do Amor-União, do Amor-Cuidar, do Amor que os gerou e que dentre outras coisas, os faz parar um minuto para pensar que agora é a vez deles de perpetuarem uma linha ancestral que nunca deixou o calor reconfortante da pira ser extinguido. E assim se deu mais uma inspiração!

"Sob o sol, Amor-Grão saúda a Claridade" - Detalhe

"Sob o sol, Amor-Grão saúda a Claridade" - Detalhe

Obra final - "Sob o sol, Amor-Grão saúda a Claridade"

Obra final - "Sob o sol, Amor-Grão saúda a Claridade"

quadro final antes de embarcar

quadro final antes de embarcar

"Sob o sol, Amor-Grão saúda a Claridade"


A obra Fammi Girare está exposta na Casa Mineira em São Paulo

November 5, 2008
Fammi Girare na Exposição de arquitetura na Casa Mineira - SP

Fammi Girare na exposição de arquitetura na Casa Mineira - SP

Fammi Girare na Exposição de arquitetura na Casa Mineira - SP

Fammi Girare na exposição de arquitetura na Casa Mineira - SP

Fammi Girare | detalhes da Obra. Tela. Pintura em tinta acrilica - 100cm x 70cm

Fammi Girare | detalhes da Obra. Pintura em tinta acrílica - 100cm x 70cm

Fammi Girare | detalhes da Obra. Tela. Pintura em tinta acrilica - 100cm x 70cm

Fammi Girare | detalhes da Obra. Pintura em tinta acrílica - 100cm x 70cm

Fammi Girare | detalhes da Obra. Tela. Pintura em tinta acrilica - 100cm x 70cm

Fammi Girare | detalhes da Obra. Pintura em tinta acrílica - 100cm x 70cm

A Casa Mineira recebe até o primeiro semestre de 2009 uma exposição de arquitetura e decoração que acontece nos ambientes da casa. Vários arquitetos foram convidados pra participar deste evento e um grande amigo, o arquiteto Renato Salles me convidou há uns três meses atrás para criar uma obra para seu ambiente. Pois bem, toda dança e poesia da criação vocês já acompanharam por aqui com cada traço meu.

A novidade é que ainda não tinha ido ver o ambiente! Resolvi numa tarde dar uma passada por lá para conhecer o espaço. Estava curioso para sentir como estaria a sinergia entre meu traço e o ambiente decorado. O que vi, gostei bastante! Fiquei muito satisfeito ao ver como o quadro se integrava ao todo, suas curvas e movimentos acompanhavam como em dança, as curvas sinuosas dos móveis, construindo um diálogo rico e energético.

Saí de lá com um sorriso no rosto e uma pergunta na cabeça! Deixa colocar pra vocês. Ao ver o quadro tão integrado no ambiente, me perguntei como e quando o artista sabe ou sente que uma obra está pronta? Me peguei me perguntando sobre isso durante todo o caminho de volta pra casa. Seria no momento em que ele recebe o sopro da inspiração em sua mente e consegue, ainda que na tela mental, já ver holograficamente a futura obra? Ou quando, depois de muitos desenhos, pinceladas e banhos de tinta, sente que a obra não necessida de mais nenhum interferência humana e já está pronta para nascer?

Pra mim, muitas vezes tenho o sentimento de conclusão de uma obra ainda em seu estado de pré-desenho. Naquele exato momento quando desperta a fagulha no meu coração e ela aparece resplandecente na minha mente. Eu falo pra mim mesmo “- Eis aqui a minha próxima obra!”. A sensação é quase sinestésica, mas me acompanha por todo o processo, até conseguir trazê-la para o plano físico. É engraçado como o é elástico o conceito de tempo-espaço na cabeça de um artista. Mas isso é papo para se ter ao longo da noite, no meio de risadas, chocolates, bons amigos e garrafas de vinho. Muitas delas!

E para quem quiser dá uma passada lá pra vê-lo de perto, anota aí o endereço:

Casa Mineira
Rua Itápolis, 1851
Pacaembú – São Paulo


Fammi girare. Assim se fez a Dança, a Solidez e a Leveza.

October 30, 2008
Quase no estado final. Primeira camada de tinta.

Quase no estado final. Primeira camada de tinta.

Fammi girare. Fammi girare, 1….2. Finalmente me decidi quanto ao nome desta obra. Tudo nasceu assim, estava conversando com um amigo cujo olhar e opiniões sobre arte eu admiro bastante, estavamos tentando chegar a um acordo, ou pelo menos a um entendimento, sobre qual era a medida que cada um usa quando avalia uma obra de arte, pra dizer o quanto a energia de seus temas extrapolam os traços de suas figuras. Trocando em miúdos, o grau de força que uma obra pode alcançar no sentido de conseguir uma reação física do expectador. Ficamos um bom tempo conversando sobre isso. Teria uma obra de arte, seja pintura ou escultura, o poder de mexer tanto com quem a admira que além da reação óbvia emocional, moveria o expectador a uma ter uma reação de manifestação física? Não chegamos a conclusão nenhuma, mas demos muitas risadas com todos os Degas, Matisses, Picassos e Klees pontuados por toda a conversa. Cada um que sacasse o seu da manga primeiro.

“Fammi girare” nasceu assim, acho até que mais do que ficou em mim depois dessa conversa boa sobre movimento, sentimento e interação. Quando estávamos pra concluir, meu amigo ainda à minha mesa, soltei das idéias o relâmpago luminoso. De súbito, soltei: “-Fammi girare!”. Foi daí batizada! Meu amigo ao ouvir o nome pela primeira vez, parou, calou-se, repetiu pra si e depois de um curto tempo, me devolveu. “-Fammi girare..hummm… Claro, lindo. Lindo nome! Gostei!”. E sorriu ao voltar pra sua mesa. Obrigado Marquito pela coautoria!

Ainda fiquei pensando só, repetindo algumas vezes enquanto olhava para cada linha que tinha traçado, cada problema encontrado e superado. Principalmente aquele dos pés! Nossa, como me deu trabalho desenhá-los! Nunca achei que precisasse usar tanto uma borracha pra chegar a mesma naturalidade e harmonia que encontramos nos pés calejados das bailarinas. Mas acredito que no final consegui o que tanto queria.

Posto abaixo as imagens do quadro concluído. Mais uma obra que me deu muito prazer em todo o processo de criação, principalmente por ter me trazido memórias de muleque, quando ainda via meus pais dançando ao som de um bolero no meio da sala, acompanhados pela brisa, pelo riso e por serem belos humanos, algumas pisadas de pé, no meio do dois-pra-lá-dois-pra-cá.

Acrilico sobre tela. 100 cm x 70 cm

Acrílico sobre tela. 100 cm x 70 cm

“Fammi girare da capo quando ci vuoi.”

Saluti a tutti quanti.

geO


De dois pra lá e dois pra cá, começa a tomar forma a Dança, a Solidez e a Leveza.

October 9, 2008

Nessas últimas semanas trabalhei bastante pra chegar a esta segunda leva de estudos para o quadro da dança. Acho que descobri umas coisas interessantes sobre passos de ballet, chocolates e pisadas de pé. Está sendo divertido o processo. Está sendo uma redescoberta das possibilidades do corpo na dança. Abaixo os novos estudos sobre dinâmica e equilíbrio pra vocês darem uma olhada de como estão indo!

Mais estudos de conceito e composição.

Mais estudos de conceito e composição.

Estudo detalhado sobre figura.

Estudo detalhado sobre figura.

Estudo de pé em papel final

Estudo de pé em papel final

Acerta, erra e borra. Mas vai ficar legal.

Acerta, erra e borra. Mas vai ficar legal.

AH! Já estou com umas idéias sobre o nome. Mas vou deixar fermentar mais um pouco pra ver se é ele mesmo.


Dança, solidez e leveza. No começo o traço se levanta!

October 2, 2008

O tempo correu bem rápido desde a última vez que escrevi por aqui. Rabiscos por toda parte da casa, em paredes, portas e quase até no corpo do gato. Parece que quanto mais linhas faço, mais me convenço que dança nada mais é do que dois corpos ocupando o mesmo espaço numa mesma tangente vertical. É louco isso aparecer assim do nada, mas é o que é! Está sendo um processo interessante para revisitar velhos princípios. Até a gravidade tem sido posta em questão durante essas sessões de desenho! Olho, paro e depois dou risadas!

Bem, procurei abordar no primeiro post sobre esta nova encomenda – o quadro da dança- as impressões mais profundas sobre o que o tema despertava em mim. Fazer uma espécia de reviravolta nas lembranças de infância à caça de curvas, cores ou mesmo pra encontrar uma risada gostosa, escondida sob pilhas de vida de plástico. E confesso, eu estava bem curioso, na verdade apreensivo, acho. Principalmente por não ter la pazza idea aonde esse exercício de descobrir as formas base iria me levar. Mas como na dança tudo é uma questão de confiança, me deixei conduzir.

Abaixo o resultado do que me surgiu no processo de conceituação. Um pouco de luz, de solidez. Mais uma vez foi meu olhar e a leveza de minha mão, me levando mais pra perto da essência das coisas. Que bom!

Primeiros estudos - Dança, solidez e leveza.

Primeiros estudos - Dança, solidez e leveza.

Primeiros estudos - Dança, solidez e leveza.

Primeiros estudos - Dança, solidez e leveza.


Dança, solidez e leveza. Uma lembrança familiar.

September 8, 2008

E como o tempo corre. Já setembro, quase primavera, logo mais as cores que aparentemente dormiam no inverno vão aparecer pra dar um alô. Já faz um tempo que não escrevo nada por aqui, não por preguiça ou por falta de vontade, o que aconteceu é que estive completamente absorvido por uma encomenda importante e… secreta! Mais infos. em breve… ehehhe… o que tenho pra contar agora é muito mais interessante.

Recebi mais uma encomenda, fiquei bastante feliz com o convite de um amigo arquiteto para criar mais uma obra. Ele criou um ambiente para uma exposição de arquitetura que vai acontecer a partir de setembro aqui em São Paulo e minha obra vai ser parte importante na narrativa visual do ambiente. Ainda estou sem muitas informações sobre o evento, datas e outras coisas do tipo, (prometo postar em breve) mas já estou cheio de inspiração para esse novo desafio. O Novo quadro já está em processo na cabeça, me tomando mente, corpo e coração!

O que me tem vindo constantemente pela cabeça e que coincidentemente foi o tema sobre o qual comecei a trabalhar para essa nova encomenda é a Música, a Dança. Alguns dias antes de receber o convite, andava pensando sobre minhas memórias musicais, aquelas mais antigas que de certa forma ficaram gravadas na caixola pra visitas ao longo da vida. Fiz um exercício para tentar descobrir minhas mais distantes memórias sobre dança, estar dançando ou vendo pessoas próximas em volta de mim dançarem. Cheguei a algumas lembraças que me levaram novamente de visita à infância, me peguei criança observando meus pais a dançar juntinhos na sala de casa enquanto um bolero tocava na vitrola. Me lembro da luz entrando pela janela onde parte absorvia e parte refletia a luz amarelada de domingo no taco de madeira da sala, contribuindo com eles enquanto rodavam, riam e giravam. As luzes e as cores negro-terrosas do ambiente, principalmente as dos móveis da sala de jantar me ensinavam as primeiras lições sobre peso e contraste visual dos elementos. Ao ver meus pais dançarem com tanta leveza aos seus rodopios, me causava euforia ao me perguntar sobre como era possível os pés tão sólidos dos móveis não se deixarem influenciar pelo som nem pela leveza do movimento que se desenrolava em frente aos nossos olhos. Como tudo isso era possível?! Eu estava ali, encantado com a leveza da dança a minha frente e com a solidez dos objetos no segundo plano. Confesso que naquele momento estranhamente esperava por uma resposta sobre aquela orquestra visual, não por parte dos meus pais mas por parte dos móveis, é claro! 😉

Quis contar essa historinha sobre dança porque é sobre ela o tema deste novo quadro. É dessa lembraça de ver meus pais dançando na sala que partiu minhas primeiras perguntas sobre dinâmica, sintonia e ressonância entre as pessoas. E vai ser sob a benção dessa memória que dou início a mais uma obra, que a solidez e a leveza me acompanhem.

Saudações em dois pra lá e dois pra cá a todos. Até breve com os primeiros estudos!


“O Jantar Musical” – Primeiras cores

July 26, 2008
"O Jantar Musical" - Primeiras cores

"O Jantar Musical" - Primeiras cores

“O Jantar Musical” - Primeiras cores

“O Jantar Musical” - Primeiras cores

O Jantar Musical começa a ganhar vida, é muito bom ver mais um quadro surgindo ao ser tocado pelas cores. Comecei a pintá-lo mais ou menos no início deste inverno e é nesta época que mais gosto de ter contato com as cores. Explico em seguinda o porquê.

Dias frios e ensolarados de inverno sempre me colocam pra pensar um pouco sobre percepção e o sutileza. É curto o raciocínio mas potente em sua essência. É mais ou menos assim, fico me perguntando como no inverno, a mudança na intensidade de luz pode ampliar a forma como percebemos plasticamente as coisas a nossa volta.

A cada inverno fico admirado com a sutileza que essa iluminação lateral proporciona, sempre suave, revelando-se como uma fina camada luminosa que cobre tudo em minha volta, me chamando a atenção. Essa luz lateral me faz perceber matizes de cores escondidas, de sutis amarelo-alaranjados como nas pinturas de Matisse aos azuis alegres e ponfundos de Miró. A luz de inverno me abre para mais possibilidades plásticas, eu encaro como tempo de brincar no playground. Aproveito para exercitar minha percepção sobre as cores e formas que muitas vezes vão além de suas representações reais.

Como as coisas por aqui estão bem corridas, só queria dividir este pensamento. Deixa ir tomar meu café da tarde e ver se pelo caminho não encontro mais inspiração para as futuras cores de meu novo quadro.


“O Jantar Musical” – Surge o traço

July 10, 2008
Sketches do Quadro "O Jantar Musical"

Sketches do Quadro "O Jantar Musical"

Depois de mais alguns estudos, acho que consegui chegar a uma forma mais equilibrada para os elementos da composição deste quadro. Aqui está o traço já no papel definitivo. Timidamente ele começa a tomar corpo e forma, já dá pra ouví-lo pedir por cores.


“O Jantar Musical” ao som de Because…

June 4, 2008

Estudos introdutórios de composição

Estudos introdutórios de composição

Estudos introdutórios de composição

Há um bom tempo tenho namorando este desenho mas me sentindo um pouco emperrado pra começá-lo de verdade. Resumir em forma e cor uma história memorável é um grande desafio de síntese emocional pra qualquer um.

Meses atrás fui convidado para um jantar na casa de uns amigos pernambucanos, excelentes anfitriões e cozinheiros de mão cheia, vale o comentário. Pessoas interessantes por toda casa, taças de vinho entre os dedos e muitos risos altos. A energia só aumentava e quem dava o tom era um velho amigo da casa, emprestando seu talento a um violão folk.

A certa hora da noite senti a energia da sala se modifcar, era como se a frequência energética das pessoas estivessem flutuando exatamente dentro de uma mesma faixa. Foi surpreendente ver todos sendo puxados pela melodia da música Because dos Beatles em uma única voz. Todos juntos. O impacto foi tão forte em minha percepção que decidi fazer daquele momento, este desenho. Noite memorável, música para o quadro também memorável, só ver aqui abaixo:

Bom, meu desafio para este quadro vai ser conseguir entrar em ressonância com a energia daquele dia. Quero poder, ao desenhá-lo, levar melodia a cada traço. Espero criar em linha e cor a atmosfera de calor e acolhimento musical que experimentei naquele dia. É hora de pintar!


“I ballerini” – A dança silenciosa e imponente de uma parede. Obra concluída!

May 5, 2008

“I ballerini” - Obra conclu�da com sucesso!

Finalmente consegui um tempinho na agenda pra subir as fotos finais da Obra Mural. Agora tenho o acompanhamento completo de como foi realizado este trabalho que curti bastante.
É curioso ver como dimensões maiores que as de uma tela proporcionam um tipo de sensação diferente, acho até que bem próxima a de dar vidas a criaturas, só que estas aqui imponentes e silenciosas como estátuas bidimensionais.

Como em qualquer outro processo artístico tem também a parte do cansaço, devido a energia absurda posta em se concentrar no sutil, mas fatos engraçados também acontecem e são esses que fazem do evento, virarem uma história. Um exemplo: Um dia, numa madrugada de farra na casa onde está a Obra, uma das moradoras me confidencia que ao olhar muito tempo para os desenhos, os via se mexer, dançar. O comentário me deixou contente, pois era o tipo de percepção que desde o início quis que os moradores sintonizassem ao olhar a parede. (Um outro morador da casa fez um comentário similar, outro dia)

Sobre as fotos que estão aí, elas cobrem boa parte do processo criativo: meu raciocínio quanto às proporções das figuras oníricas, a tensão que quis aplicar a determinadas partes e pra concluir, o merecido descanso comtemplativo.
Acho que atingi o meu propósito conceitual para esta Obra, o que me deixa bastante feliz. Além do trabalho ter sido um tesão de fazer. Agora que concluído, já estou com vontade de pintar novamente em outras paredes. Então deixo aqui o recado, tempo aberto para novas encomendas.