A agenda tá apertada, muitos projetos ao mesmo tempo, sempre olhando para o blog aqui e me perguntando quando seria a próxima vez que iria atualizá-lo. Ao contrário do que pode parecer, não foi por falta de novas obras ou muito menos falta de inspiração, foi a quantidade de revira-voltas que tem acontecido desde novembro último comigo. Mas o que importa que voltei a postar sobre minha arte e seus processos de criação novamente. Na fila tem um monte deles pra colocar aqui, mas vamos com calma.
Abaixo, separei um especial que estava prometido a ser postado por aqui há tempo. Fui encomendado a criar uma obra para celebrar a comemoração de um ano de casamento de um lindo e querido casal que hoje mora em Londres. Ao mesmo tempo que era simples o pedido, o tema, ao contrário, me fez aquecer a mente e o coração por alguns dias. Foi um grande desafio tratar de um tema tão recorrente na arte, e ainda mais por eu querer buscar o exato caminho do meio, entre a conexão direta da energia do casal e manutenção da sublime e ascendente energia do tema Amor. Minha busca era em tentar retratar o sentimento do Amor do casal, em seus estado divino, unitário, sem arestas, ascendente, complementar e não o amor fácil, o amor Eros, não era hora nem a obra.
Pesquisei tudo que conhecia sobre este casal e mais um pouco, até começar a dar os primeiros passos entre linhas e cores. Quis colocar a união e o cuidar em perspectiva e desenvolver toda expressão da forma baseado no tríplice eterno: Semear – Colher – Cuidar.
Passei semanas digerindo o tema a procura do traço de entrada, aquele que iria me levar a expressão do 1 ano de união do casal ao sentido da Amor – União. Não cansava de anotar coisas, em sua maioria observações do dia-dia – Eu recebo vários tapas diários por estar com a consciência no aqui e agora o tempo todo. Tenho pra mim que quanto melhor e importante é a inspiração, menor é o pedaço de papel que me cai nas mãos pra desenhar ou anotar no meio do caos diário. Já fiz vários testes para confirmar a teoria, até agora o padrão tem se repetindo e se confirmado.
Pequenos pedaços, médios pedaços, os papéis estão sempre pelos meus bolsos recheados de idéias, pensamentos e observações, muitas vezes até melados de chocolate. Aprendi que faz parte do meu processo. Certa vez, umas manchas de chocolate até resolveram uns problemas de composição de uma obra. Então só tenho que agradecer ao pequeno vício.
Nas primeiras imagens estão o processo de criação para esta obra. Fiz umas anotações em algumas delas são sempre verbalizações escritas das inspirações que me surgem a mente. Uma em particular me ocorria constantemente, em todo processo de criação da obra. Era a imagem de soprar uma flor. O que isso simbolicamente queria me dizer? Se prestar atenção na obra final, troquei por ramos de trigo que a figura masculina ainda os segura. Simbolicamente achei algo mais representativo. Quis trabalhar com o sentimento de que o Homem que cultiva, aquele que age de acordo com sua natureza, mais realcionada ao realizar, ao prover para a família e como um cavalheiro, para sua mulher. Por outro lado, a mulher com toda sua fluidez e poder jupteriano, acolhedora e inspiradora. A colher tudo o que foi plantado. Começa assim a dança do Amor-União.
Me inspirou muito a lembrança de que o Homem recorda a mulher, a todo momento, a direção e o caminho para onde ela deve seguir. Procurei fazer com que o sopro da figura masculina nesta obra, trouxesse uma pouco dessa sensação de impulsioná-la para mares ainda mais longe, para mais distantes e novas descobertas.
Por outro lado, a figura femina lembra ao homem, a todo momento, de onde ele veio, de suas origens. Sua delicada mão em forma de pira – receptáculo – nos fala da propriedade feminina do receber, aponta o lugar onde o Amor é aquecido, criado, cuidado e for fim expressado. É a história do Amor-União, do Amor-Cuidar, do Amor que os gerou e que dentre outras coisas, os faz parar um minuto para pensar que agora é a vez deles de perpetuarem uma linha ancestral que nunca deixou o calor reconfortante da pira ser extinguido. E assim se deu mais uma inspiração!